As informações foram recolhidas de 30 mil entrevistados em 31 países, e recursos foram analisados do Microsoft 365 e do LinkedIn. A montagem dos dados aponta quais são as preferências dos trabalhadores após a pandemia e como o trabalho híbrido, tendência no meio corporativo, pode afetá-los.
A ascensão do trabalho híbrido
Desde que a pandemia de COVID-19 começou em 2020, empresas tem buscado alternativas para suprir suas necessidades e preservar a segurança e a saúde de seus funcionários ao mesmo tempo. Uma das escolhas diretas foi a implantação do home office em grande parcela dos funcionários, especialmente para aqueles que não exerciam funções que fossem vitais presencialmente. Com o avanço da vacinação ao redor do mundo, as mesmas representantes corporativas iniciaram um movimento de retomada aos trabalhos presenciais, mas ainda sem descartar totalmente o expediente a distância. O resultado é o trabalho híbrido, opção que mescla atividades remotas e presenciais e que, para as companhias, pode ser bem proveitoso.
Resultados da pesquisa da Microsoft
Antes de apresentar os dados, a Microsoft afirmou que ela mesma está desenvolvendo sua estratégia de trabalho híbrido para os mais de 160 mil contratados ao redor do mundo. Além disso, a empresa afirma que “o trabalho flexível veio para ficar e o cenário de talentos mudou fundamentalmente”. Somando às entrevistas feitas, o relatório também inclui informações consultadas a especialistas sobre o mercado de trabalho e os meios para fazê-lo acontecer. Como é dito que o trabalho híbrido é o ‘futuro do mundo’, a Microsoft dividiu a pesquisa em sete tendências.
A tendência do trabalho flexível
Segundo a 2021 Work Trend Index, o trabalho híbrido é inevitável. Mais de 70% dos trabalhadores dizem querer a flexibilidade do expediente, aliada ao home office. 65% querem voltar a ter mais contato com suas equipes de maneira presencial, enquanto 66% das chefias considerar redesenhar os ambientes físicos para acomodar o trabalho híbrido. Satya Nadella, CEO da Microsoft, diz que houve uma transformação muito rápida na forma como as pessoas trabalham. E que, para acompanhá-la, é necessário impulsionar as atividades flexíveis para auxiliar os profissionais. O relatório informa que 42% dos funcionários não têm os recursos apropriados para trabalhar em cada, e um em cada dez não detém uma rede de internet sólida. Visto ainda que 46% afirmam não receber apoio nas despesas extras do home office, isso denuncia a necessidade de readaptar o expediente para que não prejudique ainda mais o trabalhador. Mesmo virtualmente, o sensor de inclusão aumentou entre os funcionários, então espera-se que as companhias consigam garantir que os mesmo se mantenham motivados a partir de políticas decentes no trabalho flexível.
Sucesso maior entre os líderes
A pesquisa da Microsoft aponta também que aqueles com cargos de chefia estão se saindo melhor no modelo atual de trabalho. 61% dizem estar “prosperando” contra 23% dos funcionários. Os líderes dizem estar ganhando mais (17%), construindo mais relacionamentos com outros chefes (19%) e seus colegas (11%) e ainda tirando todos os mais dias de férias (12%). O perfil daqueles que responderam corresponde a homens da Geração X ou Y, da área de TI e com bastante experiência. Por outro lado, a desigualdade grita. Mulheres iniciantes da Geração Z que estão na linha de frente são as mais prejudicadas. Enquanto isso, os funcionários gerais sentem desconexão com seus líderes. 37% diz ainda que eles exigem demais de seus trabalhos neste momento delicado.
Empregados estão sobrecarregados
Da mesma forma que é exigido exacerbadamente dos contratados, os mesmos estão passando muito tempo nas plataformas de trabalho. Um em cada cinco entrevistados diz que os empregadores não se preocupam com o seu equilíbrio entre vida profissional e pessoal. 54% se dizem sobrecarregados enquanto 39% se dizem exaustos. Dados do Microsoft 365, espaço de trabalho da empresa para interessados, denuncia a falsa simetria entre alta produtividade e qualidade de expediente. Segundo o relatório, por exemplo, o tempo gasto na plataforma aumentou 2,5x e continua crescendo, além de ter sido observado o aumento de 66% de pessoas trabalhando em documentos. Os números são prejudiciais especialmente para os funcionários, que passam a se dedicar inteiramente em uma jornada de trabalho com recompensa mínima.
Geração Z em desvantagem
“Sem conversas no corredor, encontros casuais e ‘conversa fiada’ durante o café, é difícil me sentir conectada até mesmo à minha equipe imediata, muito menos construir conexões significativas em toda a empresa”, diz Hannah McConnaughey, gerente de marketing de produto da Microsoft. Este é apenas um de diversos relatos que apontam a dificuldade de inclusão da Geração Z nas empresas. Profissionais iniciantes de 18 a 25 anos estão mais propensos a terem dificuldades de conciliar emprego com a vida pessoal ou passarem por exaustão do que os mais antigos. Os mesmos também não se sentem motivados, envolvidos e participativos nas ações das empresas. Com o trabalho híbrido, espera-se que este cenário mude.
Distanciamento criativo
Outro efeito negativo causado pelo sistema atual de trabalho é o isolamento causado pelas redes corporativas. A pesquisa da Microsoft aponta que a troca de informações em redes como Outlook e Teams tem sido sólidas, mas, além delas, as relações diminuíram. Isso é prejudicial quando o profissional é colocado na posição apenas de agente e produtor de tarefas. Sem estímulo algum, é difícil executar atividades de maneira criativa. O resultado se dá em trabalhadores que não interagem fora de seus deveres e que não criam um vínculo saudável com suas equipes. O relatório diz que o trabalho híbrido pode mudar isso.
Trabalho se torna mais humano
Tendo em vista o cenário caótico e cheio de tarefas para além daquelas profissionais, a pesquisa diz que o ato de trabalhar se tornou mais empático, de modo que profissionais passaram a se importar mais uns com os outros. “A vulnerabilidade compartilhada desta época nos deu uma grande oportunidade de trazer autenticidade real à cultura da empresa e transformar o trabalho para melhor”, diz Jared Spataro, CVP da Microsoft 365. No entanto, essa é uma situação particular, visto que pessoas negras e latino-americanos nos Estados Unidos têm mais dificuldades de se relacionar com suas equipes. Embora ainda tenha esse recorte, o relatório diz que as interações fundamentadas na autenticidade no local de trabalho podem transformar o trabalho de cada integrante.
O impacto do trabalho híbrido no futuro
46% dos empregados estão procurando um novo local para poderem trabalhar remotamente. Ou seja, as pessoas estão se adaptando cada vez mais às oportunidades que aparecem. Para Karin Kimbrough, economista-chefe do LinkedIn, a abertura de empregos sob o espectro do trabalho híbrido é benéfica para democratizar o acesso de grupos sub-representados que querem se mudar para uma cidade maior, por exemplo. Justamente a parcela de profissionais mais jovens e iniciantes citados anteriormente é a que mais se atrai por vagas remotas do que presenciais. A implantação do que será o principal método de trabalho, como a tendência indica, pode ser uma opção viável para acolher públicos diferentes e reconectá-los ao mercado, independentes de onde estejam instalados no mundo. A pesquisa 2021 Work Trend Index pode ser acessada na íntegra no site da Microsoft.
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